segunda-feira, outubro 08, 2007

A NOTÍCIA, DE TODOS PARA TODOS

Os jornais são todos iguais há mais de 2.000 anos. São da forma como conhecemos desde que Julio César, então o líder político e militar da República de Roma, o Estado que antecedeu o mais poderoso Império da história da Humanidade, criou, no ano 59 a. C., a Acta Diurna. É tida como o mais antigo jornal da História.

Com a Acta Diurna, Julio César queria informar as pessoas sobre os mais importantes acontecimentos políticos, militares, judiciais, sociais e esportivos da República de Roma. Repórteres nomeados pelo Estado, chamados de actuarii, levavam os fatos ao público. Os fatos de acordo com a visão de Júlio César. Da mesma forma como acontece nos jornais do século 21, a visão dos fatos é a do dono, do editor ou do repórter. A rigor, mudou só a forma de levar a informação até o leitor, o que os especialistas em comunicação chamam de plataforma: a Acta Diurna de Julio César chegava em enormes placas de pedra branca, fixadas em lugares de grande afluxo de pessoas. Os jornais do nosso tempo continuam usando o papel. Em pedra ou papel, porém, a informação, ao longo destes mais de 2.000 anos, continua sendo apresentada ao leitor de maneira unidirecional. Dos poucos que têm mandato para escrever para os muitos que só têm mandato para ler.


Mas este cenário está mudando rapidamente. As tecnologias agregadas à internet estão levando o jornalismo a passar por uma das maiores transformações de sua história. O fluxo unidirecional de informação está acabando. A informação produzida por um repórter para leitores vai dar lugar à informação produzida por todos, para todos. Todos são repórteres, todos são leitores. É o que se pode chamar de o mais pleno estágio da democratização da informação.



Existem hoje, ao redor do mundo, vários jornais diários sendo distribuídos gratuitamente nas esquinas movimentadas dos grandes centros, bem como inúmeros jornais virtuais, onde você é o repórter e pode contar a sua história em tempo real, não para uma comunidade restrita, mas para qualquer cidadão do mundo que entenda seu idioma ou que se dê ao trabalho de traduzi-lo.



Somente nos países de terceiro mundo, e mesmo assim naqueles com fortes tendências absolutistas é que a informação continuará sendo manipulada por grupos poderosos que se esgueiram por trás da máscara acadêmica. Aliás, isso me lembra a fábula dos urubus, onde eles, por ciúme de canários e rouxinóis, formaram na mata uma academia de canto com regras próprias. Logo, quem não tivesse o diploma da academia urubuística não poderia cantar naquela floresta, embora cantor nato fosse, e com pendores infinitamente superiores aos dos urubus. Infelizmente no Brasil um grasnado acadêmico vale mais que a Primavera de Vivaldi. Mas isso deve mudar. Logo a informação será prestada por qualquer um que queira prestá-la, a despeito deste ou daquele órgão. Assim caminha a humanidade, quem não se habituar a esse passo, será inexoravelmente atropelado pela massa.


Viva a liberdade de imprensa, viva a liberdade de expressão, e como diz uma grande amiga minha, viva o jornalismo cívico, que em breve servirá de farol para os náufragos do sistema.

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