quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A CAMISA DO DUNGA


Escrevo sobre este tema porque, ridiculamente, é o que está em pauta nos maiores jornais, tanto impressos quanto eletrônicos; a camisa do Dunga.Quando ele voltou da Europa, ao invés da cobrança pelo desempenho da seleção, o que foi alvo de maiores comentários foi uma camisa que o técnico usou; branca com estampas pretas e uma espécie de grega imitando suspensórios... Convenhamos, Brasil perdeu a copa com técnico bem alinhadinho, de terno e tudo! E mais, se roupa ganhasse jogo, Falcão, Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão jamais perderiam as partidas em que atuaram como técnicos.Alguém pode estar se perguntando, mas e daí? O que tem a ver a camisa do Dunga com o editorial do Sentinela? Simples, a questão é o enfoque.

A sociedade perdeu o foco das coisas no século 21.A roupa que o Dunga usa não deve ter a menor importância na profissão que ele desempenha, pois se ele ganhar um título mundial usando sunga de banho, certamente terá cumprido sua tarefa com 100% de aproveitamento. É para isso que ele foi chamado, para disputar um título mundial, e não para ditar moda nos gramados.Assim caminha a humanidade, olhando para a casca, para o supérfluo, para a aparência externas das coisas e das pessoas, esquecendo que o que agrega valor e qualidade ao perfume não é a quantidade do líquido nem a cor do frasco, e sim a essência, que via de regra, corresponde a bem menos de 10% de todo o produto.Esta é a verdadeira lição que nos ensina um dos livros mais lidos do mundo, a Bíblia Sagrada, sobre a vaidade. Até isso foi subvertido neste tempos modernos. Tratamos vaidade como aparência externa, maquilagem, vestuário ou adornos corporais, quando a vaidade bíblica, em sua tradução literal, trata da essência, ou em última análise, da falta dela. No texto bíblico, o vaidoso é alguém oco, vazio por dentro, destituído de substância útil para a construção do ser social.Perdemos o foco. Na maioria das vezes alguém que nunca ligou muito para questões de moda ou tendências de beleza é mais vaidoso do que quem anda alinhadinho com o mercado fashion.

A questão da vaidade não está na casca, e sim no cerne, ou na falta dele, com o perdão da redundância.Enquanto valorizamos sobremaneira o exterior, sacerdotes alinhadinhos engendraram o falso julgamento de Cristo e sua troca por Barrabás; Constantino introduziu símbolos romanos na igreja primitiva; Pizarro e Cortéz exterminaram Incas e Aztecas; Hitler, de farda impecável, matou 6 milhões de judeus; e hoje, homens de ternos alinhados são top de linha na corrupção que assola o Planalto Central.Eu, pessoalmente, preferia ver o Ministro da Saúde despachando de calção, mas que o SUS funcionasse e as pessoas não morressem na fila de espera dos corredores hospitalares, de norte a sul do Brasil.Agora, se você acha que a camisa do Dunga é importante, boa sorte, talvez você faça parte daqueles que acham que o mensalão e a máfia dos sanguessugas não passam de lendas urbanas.
“Todo homem se embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são falsas, e nelas não há fôlego. Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação virão a perecer.” (Jeremias 10:14-15)

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